Memórias de Jaguariúna: Nos trilhos do progresso da ferrovia e o romantismo dos trens
por Gislaine Mathias/Estrela da Mogiana em 07/10/2020
O trem surgiu para atender as lavouras de café e o apito da Maria Fumaça começou a fazer parte do cotidiano do lugarejo.
A Estação de Jaguary funcionou até o ano de 1945, quando aconteceu a inauguração da Estação de Jaguariúna, atual Centro Cultural. A estação funcionou nesse local até 1977.
Já a antiga Estação de Guedes, de 1897, foi fechada em 1945, mas ocorreu a inauguração da nova estação ferroviária, que existe até os dias de hoje e está totalmente restaurada.
O ferroviário aposentado Manoel Rodrigues Seixas trabalhou em Guedes por muitos anos.
“Na Estação de Guedes, eu fiquei muitos anos como chefe e naquele tempo, Jaguariúna não possuía ambulância e nem hospital, e o meu carro rodava por esse mundo afora levando pessoas doentes para os hospitais. Guedes tinha um povo maravilhoso e dinâmico, mas conservador. Realizei grandes festas, teatros e rodeios. Eu fundei o Teatro Rural de Guedes. De dia ia, eles trabalhavam na roça e a noite ensaiavam na estação, e quando passava um trem de passageiros, a gente se escondia porque era proibido.
O movimento era grande, corria uma média de 12 trens de passageiros por dia, e o divertimento das pessoas era frequentar a estação. Quantos namoros saíram em Guedes, cujo palco era a estação. Eu deixava a estação toda iluminada, havia o cafezal e tinha o jardim, então, era um ponto de encontro. A estação vivia de despacho de frutas, fazia grandes carregamentos de frutas e tomate para os grandes centros urbanos.
Tinha o trabalho de rotina vender passagens, emitir telegrama e cuidar dos trens. Eu tinha muito contato com a diretora da escola de Guedes, dona Zezé e muitas das festividades eram realizadas na estação, como festa da Bandeira. Bandas que vinham participar das festas faziam retreta na estação.
Eu tenho saudade do romantismo do trem e quando era um maquinista apitador, com o dobrar do sino. Eram verdadeiros artistas e o som encantava e penetrava nas frestas das casas. A chegada do trem era um romantismo, muitas pessoas iam na estação para curtir o trem".
Manoel Rodrigues Seixas
Ferroviário aposentado

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