Memórias de Jaguariúna

Beatriz e Carlinhos Carpi destacam brincadeiras de infância e lembranças do passado

por Gislaine Mathias/Estrela da Mogiana em 30/09/2021 Primeiro prédio construído em Jaguariúna (Acervo de família)Beatriz Armelin Carpi nasceu em Monte Sião, mas se mudou com a família para Jaguariúna quando ainda era criança. Desde aquela época reside no bairro Serrinha, que fica na saída para Pedreira, local onde conheceu o marido Adelmo Carpi e criou os seus quatro filhos.
 
A infância foi marcada por muitas brincadeiras. “Brincava de roda, de passar anel e de esconde-esconde. Brincava de cantar e recitar, uma tinha que recitar melhor que a outra (risos). A gente pegava um pedaço de pau segurava na mão igual microfone e cantava como se fosse cantora”, relata Beatriz.
 
Naquela época, as dificuldades eram muitas para as famílias. Beatriz recordou durante a entrevista do seu primeiro calçado. “O primeiro calçado que eu coloquei no pé foi uma sandália que ganhei da minha madrinha para participar da crisma. Era uma sandália de verniz e conforme eu andava ela ringia, fazia nhec-nhec e eu adorava aquele barulho. (risos)”.
 
Na escola a gente ganhava caderno, lápis de cor e o uniforme era um só, então, minha mãe ensinou que quando chegava da escola era preciso tirá-lo para não sujar e assim ir com ele no outro dia na escola”, relata.
 
Após a escola e depois de fazer a lição de casa, Beatriz recorda que ela e suas irmãs ajudavam a debulhar amendoim, pois o pai Antonio Armelin, além de pedreiro, vendia esse tipo de alimento pela cidade.  
 
Ele fazia o amendoim salgadinho torrado no forno à lenha e a paçoca, e chegou até construir uma máquina para debulhar amendoim feito de lata furada com prego e madeira em volta, com uma manivela. “Até hoje, as pessoas comentam do amendoim e da paçoca preparados pelo meu pai”, complementa.
 
Como era brincalhão costumava sair vendendo pelas ruas de Jaguariúna e no campo do União Jaguariense, e sempre gritava: olha a carga rápida e olha o motor de arranque.
 
Já Carlinhos lembra que quando era criança ia jogar bola no campo que existia no Dom Bosco, localizado onde atualmente estão as ruas Paraíba e Rio Grande do Sul, e para chegar nesse local passava no meio do pasto do sítio do Fontanella.
 
 “Eu gostava de brincar de bola. Tinha o campinho entre a Estação Velha e a Serrinha, que era conhecido como Beira Linha, onde atualmente passa a avenida que vai para o Circuito das Águas. E existia outro campinho, na atual Praça Augusto Chiavegato. A criançada também gostava de dar umas voltas de bicicleta até a Fazenda Santa Francisca. Era costume brincar no rio Camanducaia que passava perto do campo da fazenda e a criançada até bebia a água do próprio rio que era limpinha”.
 
O avô do Carlinhos, Ider Carpi trabalhava de carroceiro, numa época, em que era um importante meio de transporte.
 
“Ele fazia carreto e vendia lenha porque não tinha gás naquele tempo, então, ele colocava a lenha na carroça e levava na casa da pessoa. Os burros ficavam no quintal de casa e pastavam nos campinhos. Tinha ainda o Frederico Calefi que também era carroceiro”, recordam.
 
Carlinhos lembrou do tempo que o seu avô ia buscar lenha nos sítios na Colina do Castelo e até os filmes que passavam no Cinema do Padre era transportado na sua carroça.
 
“Os rolos chegavam de trem, meu avô ia pegar na estação e deixava na frente do Cinema do Padre. Os filmes vinham em uma lata redonda”. 
 
Já o marido de Beatriz, Adelmo Carpi chegou a trabalhar na Companhia Mogiana, mas depois se dedicou a profissão de pedreiro, além de comandar o time da Serrinha e ter sido vereador em quatro gestões, num tempo em que o político não tinha salário.  
 
No período de 1962 a 64, Adelmo Carpi foi o mestre de obra para a construção do primeiro prédio e na época contou com o trabalho dos   seguintes profissionais: carpinteiro, pedreiro, ferreiro e servente. Naquela época não tinha maquinário, pois era um serviço mais braçal, se usava equipamentos, como, picareta, enxadão, cavadeira, soquete e brocador manual, recordam Beatriz e Carlinhos.
 
Esses são alguns trechos de uma entrevista de mais de duas horas, que fará parte de outras etapas do projeto, como, vídeo completo e publicação de livro impresso e digital.
 
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