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Uma história de carinho, respeito pelos cães e luta contra o abandono
por Bruno Giannini em 09/09/2018
Sua admiração pela raça bernese mountain dog, uma das mais caras, cada filhote varia de R$ 4 mil a 7 mil, dependendo da procedência de seus ascendentes, era incompatível com sua realidade financeira. Mesmo assim, descobriu uma ninhada à venda e resolveu conferi-la de perto. Mal sabia que o destino estava prestes a lhe sorrir.
"Resolvi ir à clínica veterinária da Dra. Patrícia Carla Bonezi, aqui em Jaguariúna, quando fiquei sabendo que ela tinha alguns filhotes de bernese para vender. Chegando lá, contei à ela sobre um projeto social que havia desenvolvido com meus colegas, que consistia em aproximar os cachorros da população, em especial das crianças da rede municipal de ensino, para abordar a importância da posse responsável de animais. Na ocasião, disse que não tinha condições de comprar o cachorro e fui embora. Passaram-se alguns dias e ela então me telefonou, dizendo que todas as vezes que olhava para os filhotes se lembrava de mim e do meu projeto. Daí, para minha surpresa e alegria, me falou o seguinte: 'o cachorro é seu, pode vir buscar'. A partir daquele momento, surgia minha história com a Pandora. E foi também quando pude perceber que realmente tinha um dom nato para o adestramento de cães", relembra o Policial Municipal de Jaguariúna e responsável pelo canil da corporação, Silvio Telles de Menezes, que se declara autodidata e assegura nunca ter feito curso preparatório para se tornar adestrador.
Pandora

Indagado sobre um fato marcante, envolvendo Pandora, o policial citou um episódio que demonstra, claramente, a habilidade terapêutica da cachorra em interagir com pessoas com deficiência.
"Fui fazer uma apresentação na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Jaguariúna e, na ocasião, havia um aluno que demonstrava muito nervosismo. Parecia ter pânico em travar qualquer tipo de contato com os cães, tanto que quando viu Pandora ficou tenso e desconfiado. Só que eu conversei com ele, o tranquilizei e tentei explicar que Pandora era boazinha. E para minha surpresa, ao final da apresentação, após ter se passado aproximadamente uns 40 minutos, ele já estava totalmente calmo e inclusive abraçado com ela. Essa, sem dúvida, foi uma ocorrência inesquecível, ao lado da Pandora", emociona-se.
De temperamento dócil e carisma arrebatador, Pandora, diga-se de passagem, é a queridinha da população, até por conta da maior visibilidade adquirida em função das apresentações de dog show.
Heitor

Akira

Arouk

Arouk, ainda segundo Menezes, também já atuou em ocorrências envolvendo conflitos urbanos, greves, partidas de futebol, entre outras. Elogiado por seu adestrador, o cão é descrito como um "animal de temperamento estabilizado e perfeito para a linha de trabalho policial".
Nick

"Nick têm o faro apuradíssimo e foi treinado para se acostumar com o cheiro de diferentes tipos de drogas. Então, se estamos atrás de apreender determinado tipo específico de droga, ele sente o odor dessa droga em questão, numa trouxinha, sem entrar em contato direto com ela, e sai farejando o ambiente. Onde essa substância ilícita estiver escondida ele, com certeza, localizará", explica.
O treinamento
O processo começa quando o filhote faz quatro meses de idade. Nesse período inicial, que dura cerca de oito semanas, o animal limita-se a brincar e a conviver com o policial que será seu parceiro constante. Assim, acostuma-se a identificar o dono pelo cheiro e a comunicar-se com ele. Do sexto ao décimo-quinto mês, o cão passa pelo adestramento propriamente dito, que segue duas ações básicas. A primeira é a repetição de palavras curtas -- ordens como “senta!” -- até o animal aprender a reconhecê-las.
A segunda é uma recompensa, como um petisco ou um brinquedo, dada quando esses comandos são obedecidos. Na fase mais avançada, o bicho aprende a atacar uma pessoa, prendendo-a com os dentes até o policial mandar soltá-la, além de ser instruído a subir e descer escadas, saltar de lugares altos e habituar-se ao barulho de bombas e tiros.
Normalmente, esses cães trabalham nas seguintes ações policiais: imobilizar um suspeito até que seja revistado; atacar criminosos; reconhecer, pelo faro, drogas e explosivos; e localizar pessoas desaparecidas na mata ou em um cativeiro. O aprendizado de cada uma dessas tarefas segue o mesmo método de ordem e recompensa.
Projeto 'Educa-Cão'
Menezes desenvolveu em parceria com seus colegas de profissão, os policiais municipais Josafá Sidnei Gonçalves, João Carlos de Sousa e Paulo Roberto Grazia, o projeto 'Educa-Cão', que consiste em disponibilizar aulas gratuitas de adestramento aos tutores interessados em tornar seus cães mais dóceis e menos hiperativos.
Os encontros acontecem a cada 15 dias na Fazenda da Barra, onde fica o Canil da Guarda. Atualmente, cerca de 100 pessoas fazem as aulas com seus respectivos cães e já existe uma lista de espera com interessados em ingressar na próxima turma.
Abandono
De acordo com Menezes, infelizmente, têm sido comuns os casos de pessoas que dispensam seus cachorros, os jogam fora como se fossem lixo, por eles comerem plantas, pularem demais ou fugirem com frequência. "Isso me deixa triste e revoltado. E todos esses problemas que eu citei são fáceis de resolver. Basta um simples treinamento aplicado por seus donos. O que não pode é humanizar o cão e deixar de fazer as correções adequadas na hora certa, isto é, tem que impor limites. A educação animal é, antes de tudo, um ato de amor e responsabilidade", finaliza.
Serviço:
Projeto 'Educa-Cão'
Responsável: Policial Municipal Menezes
WhatsApp: 19-99250-2270.
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