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Guarda Municipal alerta população sobre perigos do uso de cerol
por Bruno Giannini em 27/07/2018
Criada em 2017, por um dos inspetores da corporação, José Alberto Ramos, a campanha conta com participação de equipes que auxiliam no recolhimento e incineração dos materiais irregulares apreendidos, além da ação efetiva de dois policiais municipais: José Cláudio Rodrigues e Augusto Simão de Castro. Eles realizam as abordagens, que segundo Ramos, têm caráter preventivo.
“Nossa intenção é educar, principalmente as crianças e adolescentes que costumam empinar pipas para não usarem material cortante que podem causar lesões graves e até a morte. Empinar pipa é uma diversão saudável que faz lembrar com carinho nossa infância, mas não podemos transformar essa brincadeira inocente em uma arma perigosa", ressalta.

Crime
Empinar pipa com uso de cerol - cola misturada com vidro moído e impregnada à linha - é crime previsto no artigo 132 do Código Penal, que pune com pena de três meses a um ano de prisão quem expõe a vida de outra pessoa a perigo.
E reforçando a informação: menores flagrados na prática são levados a uma delegacia da Polícia Civil e liberados somente na presença dos pais ou responsáveis. É importante destacar que também há uma lei estadual específica (12.192/2006), que proíbe o uso de linhas de cerol em pipas. Nesse caso, a lei determina que seja aplicada uma multa de R$ 70 ao maior de 18 anos que for surpreendido. O mesmo valor se aplica ao responsável legal pelo menor de idade que estiver cometendo a irregularidade.
Com relação à conduta de vender ou expor a venda o cerol feito à base de pó de vidro ou ferro e, ainda a linha chilena, estará caracterizado o crime previsto no artigo 7.º Inciso IX da Lei n.º 8.137 de 1990, que dispõe o seguinte:
Art. 7.º Constitui crime contra as relações de consumo: IX - Vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo. Pena – detenção de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.
Denuncie
Denúncias sobre usuários e comerciantes de cerol ou linha chilena podem ser feitas, em Jaguariúna, através do 153, telefone da Guarda Municipal. A ligação é gratuita, e o anonimato do denunciante, de acordo com o inspetor Ramos, é preservado.
Perigo
O cerol ou cortante é o nome dado a uma mistura de cola, geralmente de madeira, com vidro moído ou limalha de ferro (pó de ferro), que é aplicado nas linhas que são utilizadas para erguer as pipas.
É importante frisar sobre o extremo perigo ocasionado pela linha chilena, que chega a cortar quatro vezes mais do que a linha com cerol. A linha chilena é feita a partir de quartzo moído e óxido de alumínio.
Essa “brincadeira” inconsequente, seja ela com cerol ou linha chilena, pode ser extremamente perigosa, pois quando ambas as linhas estão totalmente esticadas, dificilmente tem-se a visão das mesmas e, ao passar em velocidade (ou não) por ela, a pessoa sofrerá o efeito semelhante ao provocado por uma guilhotina; funciona como um instrumento perfurocortante, que produz lesões de grande profundidade.
São inúmeros os casos de lesões corporais e até mortes de motociclistas, ciclistas, pedestres e até mesmo de animais (principalmente aves), que são degolados ao terem a linha com cerol ou chilena enroscada em seus pescoços.

No caso dos motociclistas, é recomendado o uso da antena corta pipa, também chamada de antena anti cerol ou antena de proteção para moto, que, diga-se de passagem, é um item polêmico.
Embora muitas pessoas discutam seus problemas estéticos e eficácia, muitas outras garantem que suas vidas já foram salvas por ela.
A antena corta pipa é uma haste instalada na parte frontal do motocicleta, à frente do piloto. Lá, há uma pequena navalha que irá cortar o fio. Isso tipo ocorre rapidamente, antes que o fio entre em contato com o piloto.
Muitas vezes, os pilotos nem mesmo percebem que isso ocorreu, ou só percebem quando encontram restos de linha na navalha. A antena corta pipa custa em torno de R$ 100 e pode ser adquirida em lojas de moto peças.
Impasses legais com antenas corta pipas
O texto argumentativo do PL 61/2004, o deputado Aldo Demarchi (DEM) diz que a proposta da antena corta pipa é garantir a segurança dos condutores de motocicletas e alinhar as regras no estado, que já aprovou leis que proíbem a fabricação e a comercialização do cerol.
O projeto foi aprovado pela Assembleia Legislativa e seguiu para avaliação do governador Márcio França.
Em São Paulo, no entanto, o governador entende que a medida deve ser avaliada em nível federal e vetou o projeto.
França declarou o seguinte: “trata-se de matéria pertinente a trânsito e que exige tratamento uniforme, emanado do Poder Central, circunstância que elide a competência normativa dos Estados-membros para legislar sobre o assunto”, justifica França, em publicação no Diário Oficial do Estado de São Paulo realizada recentemente, em 19/07/18.
Se a nova lei fosse aprovada, as empresas montadoras deveriam implementar o equipamento de segurança em até seis meses e os motociclistas que já possuem o veículo fabricado em São Paulo deveriam instalar a antena em até nove meses após sua publicação.
Legislação versus consciência
O uso da antena corta pipa ainda não é obrigatório, mas nada impede que os motociclistas tenham consciência em relação à manutenção de suas próprias vidas.
De acordo com estatísticas da Associação Brasileira de Motociclistas (Abram), o índice de acidentes envolvendo o uso de cerol e os motociclistas aumentou muito, principalmente nas grandes metrópoles.
Ainda segundo a Abram, a cada 100 acidentes envolvendo pipas, 50% são no Estado de São Paulo e 25% costumam ser fatais.
Cuidados
Para evitar problemas e fazer com que a prática de empinar pipas se remeta apenas a momentos de diversão, algumas regras devem ser seguidas. Elas foram disponibilizadas pela CPFL. Confira:
Empine pipas longe de rede elétrica, em locais livres onde não exista nenhum tipo de cabo de energia, de serviço telefônico ou antenas de celular. Isso evita acidentes e interferências na qualidade desses serviços;
Dê preferência a espaços abertos como praças, parques e campos de futebol para usar o brinquedo. Evite também soltar pipas em canteiros centrais de ruas, avenidas, rodovias ou qualquer lugar onde exista fluxo de veículos;
Evite a utilização de "rabiolas", pois elas agarram nos fios elétricos, desligando o sistema e provocando choques, muitas vezes fatais;
Linhas metálicas não devem ser usadas no lugar da linha comum. E nunca é demais relembrar: jamais use cerol ou a linha chilena, elas são proibidas por lei.
Não utilize papel alumínio na confecção da pipa. É perigoso, pois este material, em contato com os fios, provoca curtos-circuitos;
Caso a pipa enrosque nos fios, é melhor desistir do brinquedo. Tentar recuperá-lo representa sério risco, assim como tentar remover a pipa com cabos de vassoura, canos ou bambus;
Não é indicado soltar pipas na chuva. Ela funciona como para-raios, conduzindo energia;
Não é indicado subir nas lajes das casas para empinar pipa, qualquer distração pode causar uma queda;
Tenha cuidado com ciclistas e motociclistas, pois as linhas não podem ser vistas e linhas de cerol ou reforçadas podem causar graves acidentes;
É aconselhável ter sempre um adulto responsável acompanhando as crianças no momento da brincadeira.
Em caso de falta de energia, rompimento de cabos por linhas de cerol ou curtos-circuitos causados por esse brinquedo, a população deve acionar imediatamente a distribuidora de energia por meio dos canais de atendimento especificados na conta de luz.
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