Ator Luiz Felipe prepara monólogo EUXÚ em comemoração aos 25 anos do grupo Já de Teatro

por Gislaine Mathias/Estrela da Mogiana em 01/11/2022 O Já de Teatro está em fase de preparação de um novo espetáculo, em comemoração aos 25 anos do grupo, em Jaguariúna.

Com previsão de estreia na segunda metade de novembro, o monólogo EUXÚ, com Luiz Felipe Melo e direção de Marcelo Masselani, tem como proposta usar dos elementos das religiões da Umbanda e Candomblé, através da entidade Exú para costurar as histórias de Jasão, Emanuel e do próprio ator.  
 
“Utilizando de símbolos, ritos, cantos... propõe-se, de forma não direta, dialogar sobre essas crenças tão excluídas e estigmatizadas pela sociedade. Também quer enaltecer a cultura brasileira, tão massacrada pelas produções enlatadas e vazias estadunidenses, ressaltando a cultura brasileira com músicas que vão do samba ao rap”, explica o diretor Marcelo Masselani.
 
De acordo com Marcelo o espetáculo surgiu a partir das inquietações dos integrantes acerca do tema poder.
 
“Olhamos para a contemporaneidade e refletimos sobre o impacto das relações entre o arbitrário e o dominado, tal relação encontra-se nas mais diversas formas de convívio, então, optamos por um recorte sobre a masculinidade, especificamente o homem preto. Buscando nas literaturas deparamo-nos com as obras de Chico Buarque e Paulo Pontes: Gota d'água, e a obra de Abdias Nascimento: Sortilégio. Deslocamos as personagens Jasão e Emanuel, respectivamente de cada obra, com o intuito de vermos outras possibilidades para além daquelas apresentadas originalmente. As obras serviram para provocar-nos e podermos observar essas personagens por outras perspectivas, a partir de questões de como racismo tenta perpetuar o poder de seu discurso”, enfatiza.  
 
Marcelo ainda complementa que dentro desse tema o foco central é o ator que, através de seus depoimentos de vida, aborda e questiona como a sociedade, e o próprio homem preto, convive com estruturas de poder que persistem na mesma narrativa enquanto a pretitude segue para manter-se viva e digna.
 
O processo de preparação do monólogo começou em fevereiro de 2022 e agora os ensaios estão intensos.
 
“Além de usarmos o repertório de canto do ator com composições feitas por Luiz, temos acompanhamento dos músicos Igor Crecci e NotAnthony, além das contribuições de Geísa Oliveira, Elisa Monteiro, do Pai Guilherme do Terreiro de Umbanda Sagrada Pelintra de Lei, além de um treinamento dado pelo ator/músico/bonequeiro/mascareiro Ivan Alves. Além dessas diversas contribuições, a obra "Peles negras, máscara brancas" de Frantz Fanon também contribui para a construção da dramaturgia. Com painéis do artista Ewerton Epifania para compor a cenografia que trará, através do grafite, elementos urbanos e das religiões da Umbanda e do Candomblé”, destaca.
 
Para Marcelo comemorar 25 anos do Grupo Já de Teatro é mais que felicidade, é saber que nossa produção artística tem um potencial que permanece vivo, porque sempre temos o cuidado de olharmos ao nosso redor para trazermos temas verdadeiramente relevantes para a sociedade e em diálogo com o contemporâneo, prezando, pelo respeito às mais diversas formas de pensamentos.
 
“Somos um grupo independente e acredito que, por não apoiar esse ou aquele e sem jamais deixar de sermos politizados contra um pensamento higienizador e colonizador, por esses fatos, estamos aqui seguindo na construção de uma cultura mais diversa, assim buscamos parcerias e colaboradores que acreditem no poder transformador do teatro e queiram contribuir com o nosso Apoia-se: https://apoia.se/grupojadeteatro, com qualquer valor ou pelo pix 19 99885-4245.
 
A previsão é que a estreia aconteça na segunda metade do mês de novembro.