Estrela da Mogiana

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Bom Dia Cumpadinho!

por Daniel Marion em 06/11/2020 Daniel Marion presta homenagem ao antigo fotógrafo de JaguariúnaEra assim que uma figura marcante da sociedade jaguariunense sempre cumprimentava a todos, sem exceção! Estou falando do Seu Altamiro Pires que por este carinhoso costume recebeu a alcunha de Compadre Fotógrafo, e por extensão, sua esposa Dona Zaíra Maziero ficou sendo a Comadre!
 
Todo mundo que viveu em Jaguariúna nas décadas de 70, 80 sabe de quem estou falando.
 
Infelizmente ele nos deixou dia 17/10 último e por duas razões eu não quis deixar passar a oportunidade de aqui, prestar esta homenagem. 
 
Uma delas, por sua personalidade marcante na vida de muitos de nós. Amante de uma boa pescaria, sempre bem humorado em seu comércio “Foto Mundial” e através da Arte Fotográfica, pois enquanto a exercia, esteve presente nos eventos familiares de tantos jaguariunenses: casamentos, batizados, formaturas...
 
Outra razão, esta mais pessoal, foi que quando eu era criança, seu estúdio fotográfico ficava em uma sala que minha mãe alugava em frente à casa onde cresci. Na ocasião em que ganhei meu primeiro violão e sabendo que Seu Altamiro havia sido seresteiro, boêmio tocador e cantador - esta legítima expressão cultural da Música Popular Brasileira (Os Trovadores Contemporâneos) -, fui procurá-lo, pedindo que me ensinasse a tocar.
 
Ele me atendeu prontamente com sua simpatia habitual, ensinou-me os primeiros acordes, a afinar o instrumento, ritmos, muito da história de compositores clássicos para violão...mas sem dúvida, a maior dívida que tenho para com ele foi a forma como me fez compreender a harmonia musical, em palavras simples, foi o que me possibilitou o que chamamos “tocar de ouvido”, entender a música de uma forma que só os antigos seresteiros e sertanejos sabiam. Devo isso e muito mais a ele!

Compadre com a sua esposa Comadre, apelidos carinhosos que acompanharam esses profissionais quando ainda trabalhavam com fotografiaEu não saía de seu estúdio fotográfico, mostrava minha evolução no instrumento e ele sempre e pacientemente me incentivando. Foi meu primeiro e único mestre no violão, meu mentor, meu Sr. Myiagi. Com o que ele me deixou, caminhei sozinho, aprendendo um pouquinho aqui, um pouquinho ali em uma época em que as facilidades da Internet eram um sonho distante.
 
Hoje reconheço na mais complexa harmonia musical aquela base que os antigos seresteiros intuíam em sua simplicidade.

Para Jaguariúna ele é parte fundamental da história em sua presença sempre alegre e pela Arte da Fotografia; para mim ele deixou um tesouro precioso que me orienta a vida até hoje. Saudades meu querido artista, músico, seresteiro, fotógrafo e principalmente amigo! Agora está tocando para o “Papai de Céu”, como ele, em sua forma sempre carinhosa, se referia a Deus.
 
Daniel Marion – músico e professor
 
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