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As histórias da Fazenda Santa Úrsula e a riqueza do café na Jaguariúna antiga

por Gislaine Mathias/Estrela da Mogiana em 02/10/2017 Fachada da Fazenda Úrsula com destaque para os trilhos do bondinho que chegavam até a sede da casa grandeA Fazenda Jaguari, atualmente chamada de Santa Úrsula, é a única propriedade em Jaguariúna, que se mantém com a mesma família desde sua fundação, há mais de 200 anos.

A fazenda pertenceu a Antonio Correia Barbosa e Úrsula Franco de Andrade, cuja, herdeira a neta Luiza casou-se com João de Ataliba Nogueira, o Barão de Ataliba Nogueira.

Antes da chegada do café, no ano de 1847, a fazenda chegou produzir seis mil arrobas de açúcar por ano.

Com o declínio dos engenhos passou a ser grande produtora de café e mais tarde, investiu em outras culturas. O depoimento é da Historiadora e Memorialista Maria Abigail Nogueira Moraes Ziggiatti.  
 
arquivo sem legenda ou nome"Jaguariúna se desenvolveu basicamente com as três grandes fazendas: Santa Francisca do Camanducaia, Barra e Santa Úrsula. São as três mais antigas e pioneiras no desenvolvimento do café, da riqueza do café. Depois vieram diversas fazendas até pela divisão de terras porque eram glebas muito grandes. A importância deles foi enorme para o crescimento do estado de São Paulo, era uma produção agrícola imensa e isso gerava muito dinheiro, imposto, sendo uma riqueza muito grande para o País.

Como a distância entre uma cidade e outra era muito longa, as fazendas costumavam dar pouso, e por isso, a Santa Úrsula recebeu desde personalidades até pessoas que vinham tocando boiada, e desbravando o sertão afora. Eu tenho registro fotográfico da visita do Rui Barbosa.

A fazenda tinha um bondinho puxado por um burro para transporte de pessoas e de mercadorias. O Barão de Ataliba Nogueira se dedicou a fazenda e a Companhia Mogiana, que chamava de minha filha caçula. Ele foi um dos fundadores e presidente da Mogiana, por mais de 20 anos. Na Febre Espanhola, hospedou muita gente que trabalhava na Mogiana, na fazenda, para não ter contagio porque a doença assolou Campinas. 
Na época do Barão, era uma fazenda de produção de café, que era o ouro negro da região, e devia ter em torno de mil alqueires. Ela tinha um movimento grande de empregados e por ser difícil de chegar na fazenda, no começo de charrete e de trole, as visitas eram longas por permanência de mais de um mês.  Depois com a crise do café, a fazenda começou ter várias culturas.
Era uma fazenda que mostrava a força da mulher. A Úrsula ficou no imaginário da população de Jaguariúna porque era a filha caçula do Barão e foi no momento em que a Vila estava crescendo. Ela era uma referência, uma mulher muito boa, mas exigente e brava, e isso marcou muito as famílias, principalmente, os imigrantes italianos, porque quase todos tiveram alguma ligação de trabalho com a Úrsula".
                                                                       
arquivo sem legenda ou nome Escrevendo um livro
 
"Estou acabando de escrever um livro que conta a história da Fazenda Santa Úrsula. Foi uma sesmaria doada à Antonio Correia Barbosa, por ter fundado Piracicaba.

Era mata, o primeiro local que eles ficaram é hoje a Fazenda Mato Dentro, lá desenvolveu o engenho e plantação de cana. Os meus netos são a nona geração e você chegar nos dias de hoje com a mesma propriedade, na mesma geração, aqui na região, eu não conheço que esteja com a família depois de tanto tempo.

O livro faz vários anos que comecei pensar nele. Nós temos um registro fotográfico muito grande por conta de uma pessoa que trabalhou na fazenda como guarda livros e era apaixonado por fotografia e fez o registro do dia a dia da fazenda. E uma neta do barão escreveu as memórias dela, então, você começa a ler o livro da tia Camila e quando via cenas de fotografias, se unir o relato e as fotos, entra na história.


É a história da minha origem, mas para a região é um registro importante para estudos sobre modo de vida de uma fazenda e de uma época onde se tinha escravos e o desenvolvimento disso em nove gerações. O nome é Fazenda Santa Úrsula, um feito de Camila Barbosa de Oliveira e Francisco Pezzi.  A minha preocupação atual é quem vai guardar essa história, pois faz parte não só da história de Jaguariúna, mas do Brasil". 

arquivo sem legenda ou nome5 de agosto de 1896
 
"Eu como uma pessoa que se interessa pela história acho que o dia 5 de agosto tem um significado muito especial para Jaguariúna, pois é a data de fundação da vila. Minha família foi uma das primeiras a se instalar aqui, então, por respeito as famílias mais antigas de Jaguariúna a cidade deveria lembrar com mais carinho e cuidado da data de fundação, e não só da emancipação.

A história de Jaguariúna é muito antiga, eu encontrei registros que em 1707 já existia um pedágio de cobrança de imposto no rio Jaguari".  

 
                                                                           
Fotos do acervo pessoal de Abigail Moraes Ziggiatti. 
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